sábado, 7 de novembro de 2015

As ribeiras subterrâneas do meu bairro!


Parecem correr na direcção norte-sul e oeste-este. Assim acontece quando nos visitam e correm à superfície, o que não poderia ser de outra forma, pois é esta a inclinação do solo, visitam-nos com muita frequência  e  não escolhem dia, nem hora!

Umas vezes mais simpáticas, de caudal mais lento espraiando-se calmamente à largura da rua ou da praceta até se enfiarem numa qualquer sargeta, ou seguir rua abaixo, deixando pequenas lagunas nas zonas  planas, onde no verão nos apetece chapinhar,   estender uma toalha de praia e  refastelarmo-nos ao sol!

Outras, mais violentas, de caudal forte e lamacento arrastam areias e pedras provocando na maioria das vezes perigosos alçapões nos passeios e deixando mesmo grandes extensões em carne viva, ou melhor em lama viva!

Estas últimas, já me têm acordado de madrugada com a sua insolência e desprezo pelo meu precioso descanso. E não se volta para a cama descansada sem se avisar os “guarda-rios” das ribeiras subterrâneas e ir a correr escorrichar as torneiras para encher baldinhos, panelas, garrafões de plástico para as necessidades mais prementes das próximas horas!

Não deixo de reconhecer algumas vantagens destas visitas das ribeiras subterrâneas do meu bairro, como sejam uma boa lavagem das sargetas e das superfícies por onde passam, a humidificação da atmosfera em dias de calor excessivo, tornando o ambiente mais aprazível, a rega de que algumas árvores beneficiam, etc.

Não fossem os consumos inúteis (em desfavor da comunidade), as horas extras de trabalho dos funcionários de manutenção dessas marotas  ribeiras, passeios etc…  e os longos  períodos  de seca na nossa habitação, que se  seguem a estas inesperadas visitas, eu  diria :

Gosto do meu bairro, habituámo-nos um ao outro há longos anos, não me imagino noutro local a viver, mas, que pena estes terrenos não terem sido destinados a pomares ou horticultura com tanta água no subsolo!

Odivelas,  29 de outubro de 2015
Maria Dias